É comum se decepcionar, mas, se uma coisa Discovery me ensinou, é que decepção às vezes é pouco para descrever algo. Nesse tom que dou início ao meu primeiro post aqui no Ovest. Gostaria de ser mais otimista, mas, digamos que “detonar” essa série é um verdadeiro prazer.
Você deve estar se perguntando “Como ele fala assim de algo tão aclamado?” Bom, aí é que está. A mídia aclamou Discovery basicamente, por seguir, muitas vezes, sua agenda. Mas, não é aí que vou começar.
A série se passa dez anos antes da série original, mas dizer que se passa duzentos anos depois seria normal. O visual é completamente diferente. Obviamente, não estou pedindo para que a série tivesse o mesmo material dos anos 60, mas o design deveria, ao menos, ser semelhante. Nada disso está na série. Nem mesmo coisas simples, como os uniformes coloridos estão lá. Somos apresentados em “The Vulcan Hello” a uma realidade alternativa estranha, e sombria. Desde seus primórdios, Star Trek era sobre esperança e sobre um futuro melhor. Esta série joga tudo no lixo. Tudo é sombrio, da cinematografia a história. Começamos logo com um “””Klingon””””, de visual grotesco, sem se parecer ao mínimo com a espécie que estamos acostumados em visual, dando um chamado para guerra. Compare ao início de The Next Generation, em que Picard surge otimista sobre sua próxima missão de exploração.
Logo somos transportados para a U.S.S Shenzhou. Nave de design feio. Bem, é isso que é necessário saber sobre a nave em si. Somos apresentados a protagonista uma cena totalmente sem sentido que só serve para o trailer. Esta protagonista é Michael Burnham. E sim, é uma mulher com nome de homem, aparentemente, marca registrada de Bryan Fuller, criador da série. Gostar da personagem é praticamente impossível. Ela é chata, entediante e arrogante. E o pior: ela é irmã adotiva de Spock!(Nunca mencionada, é claro)
Logo temos um enfrentamento entre a Shenzhou e os Klingons. Em determinado momento, Sarek, pai de Spock e personagem clássico, diz que Klingons respeitam uma posição ofensiva, e por isso a Federação deveria atacar. Ora, parece que os escritores não sabem que vulcanos são a raça pacifista. A Capitã Georgiou não aceita a sugestão de Michael, que é justamente a mesma de Sarek, e a primeira-oficial tenta um motim. Futuro promissor, yay!
Eventualmente, Michael é presa, mas a batalha acontece mesmo assim. A Shenzhou é destruída, e então temos um avanço de alguns meses no futuro, depois que ela é sentenciada a prisão. A série otimista sobre o futuro agora conta a história de uma criminosa, yay!
Bom, a história se desenrola de forma pior ainda. Michael é recrutada pelo misterioso Lorca, um capitão sombrio e de moral duvidosa em comando da Discovery. Aliás, ninguém parece ser interessante ou bacana nessa série. Todo mundo é incrivelmente babaca! Não tem como gostar de ninguém!
Pelos próximos episódios, temos gore, mais tom sombrio, eventualmente, rola até sexo klingon! A série tenta ser um tiquinho mais leve com os episódios de Harry Mudd, outro personagem clássico, mas, isso também não funciona. Chegamos ao meio da temporada, e o que temos são:
-Personagens desinteressantes.
-Tom sombrio.
-Deturpação de personagens.
-Visual totalmente estranho.
-Estupro ao cânon.
-Um pouco de gore, palavrões e sexo.
Aliás, sobre os palavrões, isso é uma coisa engraçada. Em Star Trek IV, os palavrões são ditos como uma linguagem grosseira e já abandonada.
É então que chegamos a segunda metade, aonde a maioria dos fãs já estava bem brava e desapontada. Discovery então trouxe um arco novamente sombrio e violento. Só que dessa vez, fazia sentido, por se passar no distópico universo espelho. Curiosamente, é o momento “menos ruim” da série, justamente por se passar em um lugar aonde todo o tom sombrio, violência e etc combina. Mas, por que o universo espelho iria parecer diferente para o telespectador? Claro, não há promoções por via de assassinato, ou câmaras de tortura na Frota Estelar original, mas, o tom sombrio é o mesmo.
Por fim, Lorca é revelado como sendo desse universo espelho e morre. A Discovery volta para casa com a Federação quase perdendo e no final, a paz é restaurada. Na última cena, encontramos uma velha amiga: a U.S.S Enterprise.
Mas, sabiam que este não era o final original? Bem, sim. O final original iria ser sobre Georgiou do universo espelho sendo recrutada para Secção 31, o que depois viraria um plot point na segunda temporada. O Capitão Pike, Spock e a Enterprise não estavam nos planos. Só apareceram para apaziguar os fãs. Garanto que isso não funcionou.
Outro problema da série é o formato serializado, tão comum atualmente. Esse formato exige a criação de um protagonista e de coadjuvantes bem definidos, assim uma história contínua. Isso pode deixar a trama mais interessante? Sim, por que gera expectativa. Mas, ao mesmo tempo, isso não permite a exploração de outros personagens de forma muito grande. Episódios todos focados em um que não seja o protagonista não são permitidos. Ir audaciosamente aonde nenhum homem jamais esteve não é permitido, por que é necessário uma história contínua.
Você pode argumentar que dá pra fazer isso no formato serializado, e em outras séries, isso pode até ser possível. Mas não em Star Trek.
É, parece que o charme dessa franquia se foi por enquanto. O que temos para agora são os velhos episódios das séries antigas…
Bom, é isso pessoal. Espero que tenham gostado dessa primeira crítica. Talvez eu faça ainda sobre a segunda temporada, e análises sobre o reboot e alguns posts de curiosidades tanto sobre Star Trek tanto quanto sobre Star Wars. Tenham uma ótima semana!
Nota: -1000.
Star Trek: Discovery, 1ª temporada – EUA, 2017 até 2018, cor.
Showrunner: Bryan Fuller. Gênero: Ficção científica, drama. Roteiro: Alex Kurtzman, Bryan Fuller, Michelle Paradise, Jesse Alexander, Aron Eli Coleite. Elenco: Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Shazad Latif, Anthony Rapp, Mary Wiseman, Jason Isaacs, etc.