Walt Disney com certeza é um dos profissionais mais conhecidos no ramo do entretenimento. Suas animações marcaram nossa infância, seus musicais nos fizeram rir, seus parques são uma aventura inesquecível. É impossível fugir desse império que é a Disney.

Walt nasceu em 1901 e faleceu em 1966, aos 65 anos. Morreu um pouco cedo, porém isso não significou que várias histórias não fossem contadas a respeito do homem. Vão desde conversas engraçadas até críticas sobre como ele era fora das câmeras. Disney, de fato, poderia ser um chefe chato algumas vezes. Ele nunca teceu elogios alongados para alguns de seus trabalhadores e não era acostumado a ser questionado (como foi a longa história de Pamela Travers com a adaptação de Mary Poppins). Como não está mais entre nós, ele não poderia se defender sobre essas questões, que eram respondidas uma vez ou outra por sua família, como o genro Ron Miller, a filha Diane Disney Miller e seu sobrinho, Roy Edward Disney.

Disney já havia deixado claro muitas vezes que não era um homem santo, e o seu principal segredo longe dos olhos dos pequeninos era o cigarro. Muitas vezes, a Disney Company removia bebidas alcoólicas ou cigarros de suas mãos em fotografias, para que as crianças não fossem influenciadas por essas atitudes. Walt também proibia fotos dele utilizando óculos de leitura e sempre que podia, coloria seu cabelo e bigode para não demonstrar os sinais da velhice. Ele acabava sendo duro exageradamente com seus empregados certas vezes, e era dono de um temperamento um pouco ardente. Bill Peet, um roteirista de longa data do estúdio, afirmou que utilizou o “verdadeiro” Walt Disney como base para criação de Merlin, o icônico mago de A Espada era a Lei (1963). De qualquer forma, Walt sempre foi considerado um pai muito atencioso para suas duas filhas e um ótimo marido para Lillian Bounds. Foi por causa das filhas que ele teve a ideia de abrir a Disneylândia, pra começo de conversa.

OBS: Aliás, Peet e Disney tiveram uma briga feia quanto à criação de Mogli – O Menino Lobo (1967). Bill estava criando uma trama um pouco mais sombria e episódica (como nos dois livros de Rudyard Kipling), enquanto Walt queria algo mais leve e palatável ao público em geral. A discussão acabou por Peet saindo do estúdio em janeiro de 1964, em seguida criando uma carreira solo escrevendo e desenhando livros infantis. Larry Clemmons e Ralph Wright foram escolhidos para concluir um novo roteiro, essa a versão que fora lançada nos cinemas.

Hoje, há gente paga a “espertões” como Meryl Streep que ter conhecido Walt Disney o suficiente para dizer que ele era racista, sexista, homofóbico e anti-semita. Claro, a senhorita Streep não se incomoda em participar de O Retorno de Mary Poppins (2018), quando no primeiro filme haviam piadas claras sobre o movimento feminista. Mas o mais tolo possível é as tentativas de Abigail Disney, filha de Roy E. Disney e neta de Roy O. Disney, de chamar atenção dizendo que o comentário de Streep estava certo. Tenho direito de zombar destas 2 pois diversos historiadores de confiança já desmentiram as lendas (e com certeza suas carreiras seriam arruinadas se uma mentira de grandes proporções fosse pega em suas afirmações). Muitos suspeitam que Meryl fez isso justamente pelo fato de um filme seu estar competindo com Saving Mr. Banks (2013), e focar no “monstro” criador de um estúdio poderoso iria fazer o público não querer pagar para ver uma imagem falsa de alguém “tão mesquinho”.

Sem mais enrolação, mostrarei a você algumas das principais mentiras envolvendo a figura de Walt Disney. Espero que gostem.

1) Antissemita

Antissemita é uma pessoa com ódio aos judeus. Não é algo novo, e anda acontecendo há séculos. Sabe-se que Walt Disney era um cristão fortemente religioso, todavia tinha respeito por todo o tipo de religião, incluindo o judaísmo. Quem confirma isso foi sua filha, Diane:

“Eu sei que ele tinha grande respeito por todas as fés. O rabino Edgar Magnin refere-se a ele como “meu amigo Walt Disney” em seu livro intitulado “365 Vitamins for the Mind”. Ele era o “Homem do Ano” para o Capítulo de Beverly Hills em 1955. Minha irmã (Sharon) namorou um menino judeu por um tempo sem objeções de nenhum dos meus pais. Uma vez, papai disse inocentemente, mas com orgulho, ‘Sharon, eu acho maravilhoso como essas famílias judias te aceitaram.’ e foi um comentário muito sincero. E ela foi aceita. 

Jules e Doris Stein (que eram ambos judeus) eram bons amigos. Papai teve tantos bons amigos judeus, desde a infância. Muitos dos mais fortes defensores de meu pai em sua carreira Hollywood eram judeus. Só tenho a concluir que meu pai não era culpado de nenhum tipo de antissemitismo.”

Para a abertura da Disneylândia, Walt enviou convites para editores de oito jornais religiosos (católicos, judeus e protestantes), bem como convidados de igrejas próximas na área de Anaheim. Personagens estereotipados judaicos eram algo que aparecia muito nas histórias em quadrinhos e desenhos animados, bem como em filmes e teatros, muito antes da Disney Company surgir. Os curtas da Disney evitavam piadas judaicas, ao contrário de outros estúdios de animação que as usavam como base. A primeira e única piada judaica Disney aparece no curta dos Os Três Porquinhos (1933). Como um de seus disfarces para entrar na casa e capturar os porcos, o Lobo Mau se disfarça brevemente como um vendedor ambulante judeu. Na época, era comum ter um judeu vendendo coisas, como tinham feito desde meados do século XIX. Além disso, os porcos se sentiriam seguros para abrir a porta porque um vendedor judaico não comeria carne de porco.

Sobre essa questão, Roy O. Disney disse: “Temos muitos amigos e associados de negócios judeus, e certamente evitaríamos humilhar intencionalmente os judeus ou qualquer outra religião ou nacionalidade…“. Em 1948, Walt editou a cena por conta própria, sem qualquer pressão externa, transformando o Lobo Mau em um vendedor mais genérico. A Liga Anti-Difamação de B’nai B’rith, fundada em 1913, nunca manifestou problemas a respeito de qualquer um dos curtas da Disney depois dos Três Porquinhos. O famoso chefe de merchandising da Disney, Kay Kamen (também judeu), uma vez brincou que a Disney Company tinha mais judeus do que o Livro de Levítico. O artista Joe Grant, outro judeu, falou: “No que me diz respeito, não havia evidências de anti-semitismo. Eu acho que toda a ideia deve ser colocado para descansar. Ele foi não anti-semita. Algumas das pessoas mais influentes no estúdio eram judeus. É muito barulho por nada. Nós nunca tivemos um problema com ele sobre isso.”

A Disney regularmente doava (sem qualquer publicidade, assim como suas outras contribuições de caridade) para um número de instituições de caridade judaicas, como o Yeshiva College e o asilo órfão hebreu da cidade de Nova York. Em dezembro de 1935, ele também doou relógios do Mickey para todas as crianças daquele orfanato. Em 30 de novembro de 1958, o capítulo de Kansas City, Missouri (“Coração da América”) de B’nai B’rith concedeu-lhe uma Menção Distinta de Serviços.

Os Irmãos Sherman foram dois compositores judeu-americanos que fizeram algumas das músicas mais lembradas ​​da Disney, incluindo Mary Poppins (1964) e Mogli. Robert Sherman compartilhou a seguinte história: “Uma vez, Richard e eu ouvimos uma discussão entre Walt e um de seus advogados. Esse advogado era um cara muito mau, não gostava de minorias. Ele disse algo sobre Richard e eu, e ele nos chamou ‘esses garotos judeus escrevendo essas músicas’. Bem, Walt nos defendeu e ele demitiu o advogado”. Ao longo das décadas, Walt empregou pessoalmente muitas pessoas da fé judaica em cargos-chave em todas as partes da Disney Company, incluindo: Friz Freleng, Dick Huemer, George Kamen, Hal Horne, Art Babbitt, David Hilberman, Harry Tytle, Marc Davis, Bernie Wolf, Jules Engel, Zack Schwartz, Irving Ludwig, Mel Shaw, Maurice Rapf, Armand Bigle, Leo F. Samuels, Ed Solomon, Sid Miller, Doreen Tracey, Sid Miller, Ed e Keenan Wynn, William Lava, Richard Fleischer, David Swift e Marty Sklar, entre outros. “Posso dizer que, em decisões extensas sobre elenco e pessoal, nunca vi Walt ser anti-semita”, escreveu o produtor Harry Tytle.

Mas é claro, lá dentro também existiam muitos anti-semitas que escondiam suas opiniões. Se você encontrou alguma mensagem subliminar contendo uma ofensa aos judeus, pode ter certeza que saiu de um desses empregados.

2) FBI

Toda essa história começou com um memorando feito em 16 de dezembro de 1954 por John F. Malone, agente especial de Los Angeles, foi dado ao diretor do FBI, J. Cargar Hoover, recomendando que Walt Disney fosse aprovado como um agente especial encarregado (SAC). O memorando afirma: “Por causa da posição de Disney como o principal produtor de filmes de desenho animado e sua proeminência e amplo conhecimento em assuntos de produção cinematográfica, acredita-se que ele possa ser de assistência valiosa”. O status de Walt como contato do SAC não era único em Hollywood. Outros indivíduos do mesmo ramo receberam o mesmo status.

Mas o relacionamento rapidamente azedou quando Walt produziu um episódio focado no FBI para o programa de televisão Mickey Mouse Club (24-29 de janeiro de 1958), mas não forneceu uma cópia final do programa antes da transmissão até o último minuto, resultando na decisão de que não haveria mais cooperação entre os dois. Além disso, Walt produziu duas comédias intituladas Moon Pilot (1962) e That Darn Cat (1965) – que destacavam o pessoal do FBI como agentes tolos e desastrados.

Ele foi oficialmente excluído como contato do SAC em 20 de dezembro de 1966, depois que foi confirmada sua morte e enterro.

3) Nazista

Walt Disney não apoiava o nazismo, embora pensasse que havia uma diferença entre o bom povo alemão e o partido político nazista que ele achava que os havia enganado. Não é necessário ver A Face do Fuehrer (1943) para saber que Walt sempre foi americano de coração. “Na verdade, se você pudesse ver de perto em meus olhos, a bandeira americana está acenando em ambos, e na minha espinha cresce essa listra vermelha, branca e azul.”, disse Walt em um discurso no dia 22 de fevereiro de 1963. Durante a Segunda Guerra Mundial, Walt participou ativamente de filmes temáticos de treinamento militar confidenciais. Quaisquer simpatias anteriores ou atuais em relação ao nazismo o teriam desqualificado ou submetido a intensa suspeita. Walt também fez muitos curtas criticando os nazistas de forma sátira, incluindo Educação para a Morte (1943) e o já citado A Face de Fuehrer. O animador Art Babbitt, que tinha uma certa raiva contra Walt por vários motivos, alegou ter visto Walt e um de seus advogados, Gunther Lessing, comparecendo a algumas reuniões da German American Bund (uma associação de alemães que apoiavam Adolf Hitler). Babbitt, um judeu, compareceu lá apenas pela questão da curiosidade.

É inteiramente possível que os motivos de Babbitt para comparecer fossem os mesmos de Walt. No entanto, ninguém mais afirmou que Walt participou dessas reuniões e sua agenda ocupada provavelmente o impediu de fazê-lo (porém, não há indicação nenhuma em seu livro de compromissos). Também é de se destacar que na época, Disney não era muito interessado na política. Ao descobrir que Hitler estava proibindo os desenhos do Mickey Mouse, Walt demonstrou um pouco de sua ingenuidade no Overland Monthly, em outubro de 1933, onde declarou: “O Sr. Hitler, o velho nazista, diz que o Mickey é bobo. Imagina! Bem, Mickey virá para salvar o Sr. Hitler de se afogar ou algo assim algum dia. Apenas espere e veja se ele não o fará. Não se envergonhe, Sr. Hitler!”. Outro mito famoso é de que Disney tenha se encontrado com Benito Mussolini na Itália em 1935, mas também é mentira. Embora esteja bem provado que tanto Mussolini quanto Hitler eram grandes fãs da Disney, apesar de terem proibido os desenhos em seus próprios países. Hitler fazia questão de desenhar os Sete Anões e Pinóquio em tempo livre, e os desenhos continham até mesmo sua assinatura.

Séries como Family Guy e Robot Chicken reviveram as mentiras de que Walt Disney era nazista e anti-semita, apresentando uma nova geração a esses rumores falsos. Muitos atores conhecidos estão fazendo o mesmo, simplesmente por discordarem de sua posição política ou querer atrair atenção da mídia e afins.

4)Racista

Floyd Norman (83 anos) era negro e trabalhou na Disney, sendo o segundo funcionário após Frank Braxton, que trabalhou em Looney Tunes por dois anos antes de ingressar na Casa do Rato. Norman conheceu e trabalhou com Walt Disney em pessoa. Ele até trabalhou como um historiador para Mogli – O Menino Lobo. Na década de 1950, Floyd foi contratado como animador e depois promovido a uma posição de prestígio no departamento de reportagens. Uma década antes do Movimento dos Direitos Civis explodir, Walt contratou (por vontade própria) um homem negro para fazer parte do departamento de animação, algo que nunca havia acontecido em nenhum outro estúdio americano de animação. Ele viu que Floyd poderia fazer o trabalho e isso foi o suficiente.

“Nenhuma vez observei um comportamento racista sobre Walt Disney”, disse Floyd ao historiador Jim Korkis. “Seu tratamento às pessoas – e com isso quero dizer todas as pessoas – só pode ser chamado de exemplar. Walt teria contratado mais animadores negros se algum deles tivesse se aplicado mais. Os trabalhos estavam lá, mas nenhum outro animador negro se aplicou. Naquela época, não havia escolas que ensinassem animação. Eu tive que ir buscar treinamento de arte adicional antes da Disney me contratar. Walt e eu não éramos ‘amigos’, mas isso foi por causa da diferença de idade entre nós de mais de 30 anos. Ele viu os desenhos que eu estava fazendo no meu tempo livre e foi ele quem me levou da animação para a história.”

Nos primeiros curtas animados do estúdio, Walt ocasionalmente usava a piada padrão de “black face”, onde algo explode e o rosto do personagem é brevemente coberto de fuligem preta. Além disso, os desenhos animados com temática de selvas exibiam canibais negros exagerados, como em Cannibal Capers (1930), Trader Mickey (1932) e Mickey’s Man Friday (1935), para efeito cômico. Mais uma vez, isso também era comum nos outros estúdios. Muitos, incluindo público e críticos, usam A Canção do Sul (1946) como prova definitiva de que Walt Disney era racista, mas o que acontece é que o filme se passa após a época da escravidão durante o período conhecido como Reconstrução e os atores negros aparecem como homens e mulheres livres . Se fosse durante a escravidão, o Tio Remus (personagem principal do filme) de jeito nenhum poderia decidir fazer as malas e ir embora, já que ele seria considerado propriedade do patrão.

Ninguém que apareceu no filme sentiu que ele passava uma mensagem racista. A atriz vencedora do Oscar, Hattie McDaniel, disse à imprensa: “Se eu tivesse considerado por um momento qualquer parte do longa degradante ou prejudicial ao meu povo, eu não teria aparecido nela”. Horace Winfred Stewart, que dublou o clássico Brer Bear (usado a rodo nos parques da Disney), usou o dinheiro que recebeu com o filme para ajudar a fundar o Los Angeles Ebony Showcase Theatre, um teatro com atores negros. A Canção do Sul foi inovador ao mostrar crianças brancas e negras brincando juntas como amigos iguais, algo que nunca havia aparecido em um filme anteriormente. De fato, todos os personagens negros são mostrados como gente simpática e divertida.

James Baskett recebeu um Oscar honorário em 20 de março de 1948 por sua interpretação sobre Tio Remus. Walt escreveu pessoalmente ao presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para defender esse prêmio. Baskett se tornou o primeiro homem afro-americano a receber um Oscar. Ele morreu tragicamente de problemas cardíacos e complicações de diabetes aos 44 anos, apenas meses depois, em 9 de setembro de 1948. Depois do filme, Walt ficou em contato com o ator até a sua morte, chegando a comprar um disco do cantor Bert Williams e dando de presente para ele, pois Walt sabia que Baskett era fã da Williams. A viúva de Baskett, Margaret, escreveu que Walt tinha sido “um amigo de fato e que certamente precisávamos”. Walt ajudou em particular os Basketts nos últimos anos da vida de James.

A Disneylândia estava aberta para todos. Ao contrário de outros locais focados no entretenimento, não havia restrições que impedissem as famílias negras de visitar o parque. Enquanto o primeiro parque Disney tinha empregados negros, as duas celebridades mais populares da Disneylândia em seus primeiros anos eram negras: Trinidad Ruiz e Aylene Lewis. Tyrus Wong, que era chinês, era o artista principal de Bambi (1942).

Mitos bônus:

Congelado

Walt Disney não foi congelado, e sim cremado após sua morte. Os rumores mais fortes são que ele está escondido embaixo da Disneylândia ou na atração dos Piratas do Caribe (aberta em 1967). Tudo mentira. Diane Disney Miller afirmou em 1972: “Não há absolutamente nenhuma verdade no boato de que meu pai, Walt Disney, queria ser congelado. Duvido que meu pai tenha ouvido falar em criogenia”. A certidão de óbito oficial de Walt mostra claramente que seu corpo foi cremado em Forest Lawn Glendale em 17 de dezembro de 1966. Documentos judiciais mostram que a família Disney pagou US$ 40.000 para a Forest Lawn pelo local de enterramento de suas cinzas.

E mesmo que ele tivesse sido congelado, talvez não iria ser uma coisa muito boa quando ele voltasse. Apesar da Disney ter crescido demais nos últimos anos, um grande desejo de Walt acabou não se realizando: o Epcot original (que seria uma cidade), localizado no Disney World (nós conhecemos como Walt Disney World pois a primeira coisa que Roy O. Disney fez após assumir o comando do estúdio foi mudar o nome, em homenagem ao irmão) que não pretendia ser uma espécie de “Disneylândia 2.0”. Além disso, ele não concordaria com os remakes de longas animados ou outros filmes clássicos da Disney Company, já que sempre pensava que era bom explorar novas ideias e conceitos.

De qualquer forma, realmente aconteceu uma suspensão criogênica (12 de janeiro de 1967) um mês após a morte de Walt. A pessoa em específico era o doutor James Bedford, um psicólogo de 73 anos de Glendale.

Kurt Russell

Talvez você não saiba, mas Kurt Russell tem uma história dentro da Disney. Seu primeiro trabalho foi em Follow Me, Boys! (1966) ao lado de Fred MacMurray, quando ele tinha 15 anos. Depois, ele trabalhou em The Horse in The Gray Flannel Suit (1968), The One and Only, Genuine, Original Family Band (1968), The Computer Wore Tennis Shoes (1969), The Strongest Man in The World (1975) e muitos outros longas. Conseguiu trabalhar ao lado de gente como Elvis Presley, Dean Jones e Joe Flynn. Realmente teve um ótimo início de carreira…mas o mito em questão é de que “Kurt Russell” foram as últimas palavras que Walt disse antes de morrer.

É algo 99% improvável. Walt com certeza o estava considerando para outro de seus inúmeros projetos. Russel começou a trabalhar também em séries de TV da Disney, como o Wonderful World of Disney que promovia a Disneylândia. Ninguém, inclusive a família Disney, sabem quais foram as últimas palavras de Walt, mas é óbvio que “Kirt Russell” (que é como ele escreveu, erroneamente, o nome) não é uma opção.

Haunted Mansion

A Haunted Mansion é uma das atrações mais conhecidas nos parques da Disney, planejada por Walt e aberta depois dele falecer. Uma das partes mais lembradas do passeio é encontrar cinco bustos fantasmagóricos que sabem cantar, e é aí que entra a teoria: muitos acreditam que um daqueles bustos tem um rosto semelhante ao de Disney. Pode ser uma homenagem, afinal, ele morreu antes da atração abrir as portas.

Não. O busto é uma homenagem ao artista e Disney LegendThurl Ravenscroft. Ele se apresentou em inúmeros projetos da Disney, incluindo outras atrações amadas pelo público.

Mulheres

Animadoras: Retta Scott (Scott foi a primeira animadora da Disney a receber créditos por seu trabalho em Bambi), Mildred Rossi.
Direção de Arte: Mary Blair.
Desenvolvimento Visual: Sylvia Moberly-Holland.
Direção Assistente: Bea Selck.
História: Bianca Majolie, Sterling Sturtevant.
Modelagem de Personagens: Lorna Soderstrom, Fini Rudiger.
Pintura de Fundo: Thelma Witmer, Ethel Kulsar.
Arte Promocional e Publicidade: Gyo Fujikawa.
Edição de Música: Louisa Field.
Animadoras assistentes: Freddie Blackburn, Elinor Fallberg, Mary Schuster, Graça Stanzell, Lois Blunquist, Caso Elizabeth, Retta Davidson, Eva Schneider, Dolores Apodaca, Bea Tomargo, Jane Shattuck, Sylvia Frye, Nancy Stapp, Ruth Kissane, Janice Kenworthy e Lyn Kroeger.

Essas são só algumas das mulheres mais importantes que passaram pela Disney, matando com uma cajadada só o mito de Walt Disney ser misógino. “Ele vivia rodeado de mulheres. Além de Lilly, as duas filhas e a cozinheira, havia muitas vezes um parente morando com os Disneys. Walt queixou-se ironicamente que até mesmo os animais domésticos eram fêmeas. Mas seus resmungos pareciam indiferentes. Ele apreciava a feminilidade”, escreveu Bob Thomas para Walt Disney: An American Original.

Walt apoiou ativamente as mulheres que trabalhavam no Disney Studios, incluindo Helen Hennesy, que foi encarregada da Biblioteca de Pesquisa da Disney desde 1935 até Phyllis Hurrell, que administrava o estúdio comercial de televisão, e Alice Davis, que era responsável pelo figurino. “Eu senti que o maior talento de Walt era reconhecer o potencial em outros”, disse a enfermeira Hazel George em entrevista pouco antes de falecer. “Ele me encorajou a escrever letras de música no estúdio, pois sabia que eu não estava realmente usando minha graduação em literatura como enfermeira. Então eu fiz, e ele adorou. Walt era um homem especial”. Sob o pseudônimo de Gil George, ela co-escreveu mais de 90 músicas para a Disney.

Meryl Streep leu de uma carta-padrão de 1938 enviada para mulheres interessadas em se tornar animadoras na Disney. Era prática comum em todos os estúdios de animação do mundo, das décadas de 1930 a 1950, que as mulheres seriam designadas para o departamento de pintura. A carta “escrita por Walt Disney a uma mulher” já existia bem antes, e era muito semelhante às cartas dos outros estúdios. Embora essa fosse a política declarada, mulheres trabalhavam em cargos mais importantes nos estúdios da Disney (enquanto Walt estava vivo) do que qualquer outro estúdio de animação do mundo.

Absolutamente, ninguém é um santo. Walt Disney é um ser humano e, como todos nós, não fugiria à regra. Foi por pessoas muito confiáveis que ele era um tanto quanto duro em certas ocasiões, como quando ele rasgou em pedaços uma letra de música feita por seu sobrinho quando terminou de ver seu filme televisivo, argumentando que “não gostou da música”. Mesmo assim, Roy E. Disney anos depois disse que hoje enxerga isso como uma lição. Sem os conselhos de seu tio, ele não teria chegado em uma grande posição dentro do Disney Studios, se responsabilizando por clássicos como A Bela e a Fera (1991) e O Rei Leão (1994).

Walt nunca foi um monstro, e seu legado só tende a crescer mais.

Fontes:

Debunking Myths About Walt Disney (Mouseplanet)

8 Disney Myths Every Disney Fan Needs to Know (D23)

9 conspiracy theories about Walt Disney that have been proven false (Insider)

Walt Disney Was NOT Frozen (Mouseplanet)

Walt’s Last Words: NOT Kurt Russell (Mouseplanet)

Debunking Meryl Streep, Part Two (Mouseplanet)

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Sobre o Autor

Amo filmes, histórias em quadrinhos, livros e, principalmente, Fuscas.