A Epifania compila as edições de #1 a #6 da revista solo do personagem nos Novos 52. O trabalho do autor Rob Williams e do desenhista brasileiro Eddy Barrows, que perdura durante todo o resto dessa fase editorial da DC Comics, é um espetáculo. Ambos optam por mexer na mitologia do personagem, estabelecendo uma “nova origem” (que aproveita conceitos do passado, mas é autoral ao mesmo tempo) e um novo propósito para o nosso querido J’onn J’onzz.

“Duas possibilidades existem: ou estamos sozinhos no universo, ou não estamos. Ambas são igualmente assustadoras.” – Arthur C. Clarke.

A Epifania

Trabalhando um novo conceito para a gênese do personagem, Williams e Barrows introduzem o Caçador de Marte como sendo uma arma viva. Sim, uma arma viva. J’onn J’onzz é uma espécie de ser criado pelos marcianos, e não um marciano de fato. Ele foi mandado para a Terra no intuito de servir de ponte para a aniquilação da raça humana, para a instalação de uma nova Marte (que recentemente encontrou o fim de seus dias). O Caçador foi mandado para o nosso planeta para um intuito, mas acabou (durante pouco tempo) virando outro. Ele se tornou um herói, e jurou proteger a Terra.

Após descobrir que ele não passava de uma “experiência de laboratório” e que a Terra estaria a um passo de ser aniquilada, J’onn divide seu corpo em várias partes, e as espalha pelo mundo. É aí que surgem os protagonistas da história: Daryl Wessel, um agente do FBI; Sr. Biscoitos, um ser com real aparência de alienígena, louco por biscoitos e protetor de uma garotinha humana; Pérola, uma ladra de Dubai; e Mofo, o intelecto de J’onn J’onzz dado em forma humana. Os marcianos estão atualmente na Terra, efetuando seus planos. Porém, eles não querem uma chance de viver em paz, ou terem um lugar tranquilo para passar suas vidas. Eles querem a real aniquilação da Terra, e no caminho cometerão inúmeros acidentes e atrocidades. O evento de dominação global é chamado por todos de A Epifania.

Com toda essa invasão e perigo para a humanidade, onde a Liga da Justiça entra nessa história? Bem, os membros da Liga ainda eram novatos na época (já que a história se passa antes de vários acontecimentos dos Novos 52, um dos grandes reboots da DC Comics), e não puderam fazer muita coisa. J’onn era um membro da Liga, e seus amigos, ao ficarem sabendo da possível dominação, foram atrás dele para tirar satisfações (já que eles imaginam que nosso querido Caçador de Marte, por ser um marciano, tinha conhecimento de tudo o que acontecia, e de tudo que estava prestes a acontecer). Um combate épico de J’onn contra nossos heróis inicia, onde ele acaba tomando uma decisão inteligente, visando salvar a Terra.

Tudo bem, essa parece só mais uma história de dominação mundial, clichê utilizado por muitas histórias de super heróis. Errado, pessoal. Por mais que seja um tema saturado, essa trama arrisca em vários momentos e utiliza muito do fator psicológico para construir a narrativa. Como é ser o J’onn e descobrir que você não passava de uma experiência mortal, uma arma que dizimaria uma raça inteira? O que você faria, e como lidaria com tudo isso? Além disso, o final é um pouco inesperado e abre as portas para o segundo arco, chamado A Ascensão Vermelha.

Se você não liga muito para desconstruções feitas nos protagonistas, e gostaria de ler algo novo (que, claro, não seja capaz de ferir a mitologia do personagem que você tanto gosta), essa história será ótima para você. O roteiro de Rob Williams é inteligente e dinâmico, e dos desenhos do Eddy Barrows superam qualquer expectativa. O brasileiro tem um traço lindo, que irá te deixar boquiaberto em alguns momentos. Infelizmente você só poderá ler A Epifania, e o próximo arco (que trarei uma resenha em breve), por scans, já que a Panini nunca publicou essas histórias aqui no Brasil.

Caçador de Marte: A Epifania (Martian Manhunter: The Epiphany – EUA – 2012, DC Comics).
Roteiro: Rob Williams. Arte: Eddy Barrows. Arte-final: Eber Ferreira. Cores: Gabe Eltaeb. Editor original: Brian Cunningham.

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Sobre o Autor

Apaixonado por quadrinhos, cinema e literatura. Estudante de Matemática e autor nas horas vagas. Posso também ser considerado como um antigo explorador espacial, portador do Jipe intergaláctico que fez o Percurso de Kessel em menos de 11 parsecs — chupa, Han Solo!