Não cuidaram do meu menino, agora eu vim busca-lo.
Jason Voorhees é o antagonista/protagonista de uma grande franquia (literalmente) chamada Sexta-Feira 13. A estreia de Michael Myers em 1978 com Halloween, de certa forma, inspirou o diretor Sean S. Cunningham e o escritor Victor Miller a fazerem um longa do gênero slasher com objetivo de ser chocante, deslumbrante (visualmente) e que te fizesse sair do cinema realmente assustado. Eles convenceram a atriz Betsy Palmer a participar, mas o motivo dela ter aceitado foi para ganhar dinheiro suficiente na compra de um carro novo, já que o seu anterior havia quebrado. Palmer se arrependeu de ter atuado no longa e sentiu vergonha dele por vários anos (Mesmo assim, retornou para uma curta cena em Sexta-Feira 13: Parte 2). Com um orçamento estimado em US $ 550.000 e lançado pela Paramount Pictures nos Estados Unidos, Sexta-Feira 13 recebeu muitas críticas negativas. Entretanto, foi um imenso sucesso de bilheteria e hoje é considerado até mesmo um clássico cult. Jason ganhou 9 sequências (algumas lançadas no ano seguinte a um filme anterior), um crossover com Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo e um remake em 2009.
A trama tem diversas inspirações nos clássicos Psicose (1960) e no livro E Não Sobrou Nenhum, de Agatha Christie. Em 1957, um garoto chamado Jason Voorhees aparentemente morreu afogado no acampamento Crystal Lake, e em 1958, dois monitores foram encontrados mortos. O local acabou sendo fechado por vinte anos, até que foi decidida a sua reabertura. Novos monitores vieram ficar alguns dias lá, e mesmo com avisos de moradores locais, mal imaginam que um assassino ali espreita preparado para matar um por um, sem piedade.
Tirando Betsy Palmer como a psicótica Sra. Voorhees, não espere encontrar atuações dignas de prêmios. A maior parte dos atores eram iniciantes (incluindo Kevin Bacon, o Sebastian Shaw de X-Men: Primeira Classe e Ren McCormack de Footloose) e estão aceitáveis dentro de um roteiro simples. A ideia de uma mãe assassina ainda não era algo tão clichê naquela época, mas a entrada da Sra. Voorhees no final do filme soou forçada visto que ela não tinha sido introduzida desde o começo do longa. Logo quando ela aparece, não nos surpreendemos tanto com a revelação de que ela é a responsável pelos crimes. Entretanto, o uso da câmera em primeira pessoa para as cenas de assassinato foi algo bem pensado e criativo. Não conseguíamos saber se o psicopata era realmente um homem, algo sobrenatural, ou até o Jason.
A história possui clichês que qualquer um conhece. Existe a Final Girl, o companheiro comediante e o casal que só pensa em sexo. A morte de alguns personagens fica até previsível, mas o suspense ajuda a compensar esse lado. A trilha sonora de Harry Manfredini, sutilmente inspirada na de Bernard Herrmann para Psicose, é um dos pontos altos e conseguiu ser bem marcante (sempre tocada quando Jason está a um passo de matar algum monitor). Tom Savani foi responsável pela maquiagem, que não deve em nada também. As cenas de morte podem parecer “toscas” vistas com olhares atuais, mas para aquela época eram muito criativas. Eu diria que o longa envelheceu mal, justamente por causa dos clichês que foram excessivamente repetidos em várias outras produções de terror e na própria franquia.
Sexta-Feira 13 não é um primor, mas revolucionou o gênero slasher e é conhecida por ser uma das franquias mais duradouras do cinema (tendo qualidade ou não nos filmes seguintes). Para alguns um bom guilty pleasure, que mais para frente, imortalizou o homem da máscara de hóquei como um dos assassinos mais famosos da ficção.
Sexta-Feira 13 (Friday the 13th) – EUA, 1980, cor, 95 minutos.
Direção: Sean S. Cunningham. Roteiro: Victor Miller. Cinematografia: Barry Abrams. Edição: Bill Freda. Elenco: Adrienne King, Kevin Bacon, Ari Lehman, Betsy Palmer, Jeaninne Taylor, Robbi Morgan, Mark Nelson, Harry Crosby III, Laurie Bartram, Peter Brouwer, Rex Everhart, Walt Gorney.